A palavra certa é apático.

Ou vazio talvez.

Foram exatos 365 dias de puro caos.
58 semanas absurdas.
Doze meses torturantes.
Um ano completamente e inteiramente fora do controle.
Por esses mesmos motivos,quando as coisas começaram á se resolver e as perguntas começaram á ser respondidas,minha reação inicial foi de choque. E depois, eu me acostumei. Porque é fácil se acostumar á situações convenientes.
Talvez alguma força superior tenha ouvido minhas preces aleatórias, ou talvez seja pura sorte. Mas o fato é que de repente, quando ninguém esperava; tudo começou á se alinhar numa ordem que pela primeira vez, eu pude entender.
As coisas estão sobre controle.
Cartas velhas foram queimadas, perfumes novos foram colocados na prateleira, os cortes cicatrizaram, aquelas suas mensagens de “eu sinto sua falta” foram apagadas e a terapia começou á fazer efeito.
As coisas estão sobre controle. Mas todo mundo sabe, que por mais desejado que um bem estar físico e psicológico seja; em termos de criação artística, uma insanidade interior descontrolada produz muito mais.
Por isso a inspiração foi embora e aquele turbilhão de idéias que tanta costumava me incomodar desapareceu de um dia pro outro.
E por mais autodestrutivo que pareça, eu realmente sinto falta daquela dramaticidade; daquele sentimento literal de ter alguém esmagando seu coração dia após dia.
Porque esse é o tipo de coisa que te pressiona de uma maneira, que depois de tanta insistência, as palavras que haviam sido aprisionadas finalmente se libertam, destruindo qualquer coisa e qualquer um que esteja no caminho delas.
Eu não sinto mais isso. Agora, eu sou só mais um escritor falido pagando aluguel, que sofreu de uma lavagem cerebral tão intensa que não tem absolutamente nada mais á ser expresso.
Meu estoque particular de sentimentos acabou. Minhas mentiras e minhas palavras bonitas não são mais o bastante.

Então, imagino eu, que isso seja de fato uma despedida.


_____________________________________________________________________________