sábado, 20 de abril de 2013

Eu escrevo porque não sou ouvida.


Eu sou uma alma inextricável; citações de filósofos que não conheço, pedaços de poemas que ainda não tive tempo de decorar e promessas que não cumpri feitas inconsequentemente às duas da manhã; todos emaranhados como se fossem um único capítulo, sem distinção de onde eu começo e onde termino.
Eu vivo constantemente me arrastando porque as coisas que carrego dentro de mim são pesadas demais.
São pesadas como as chuvas que caem durante a madrugada, como um cilindro de oxigênio, como pálpebras que caem de sono em meio a lamentações, pesadas como pétalas de rosas apodrecidas que ao invés de caírem são extirpadas. Pesam e ardem; ardem como uma ferida aberta cutucada por dedos curiosos, que tenta constantemente se fechar, mas sempre é interrompida. A ferida é interrompida.
Eu sou a ferida.
E queria eu, ser inteira novamente.

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